quarta-feira, 7 de março de 2012

MÓDULO II - A DIREÇÃO


DIREÇÃO DE TEATRO

A figura do diretor de teatro, administrador ou artista encenador nomeado pelo governo, contribui grandemente não só para gestão, mas também para a estética dos espetáculos. O diretor está ali para nos lembrar que a administração é parte integrante da criação: não apenas em relação ao orçamento de funcionamento, mas ainda quanto à programação; o diretor tenderá naturalmente a propor assinaturas que assegurem uma temporada tranqüila; recomendará exigências para as peças ou estilos já comprovados; só assumirá compromisso com coproduções rentáveis – são vários os imperativos econômicos que se imporão às jovens companhias ou aos encenadores. Dessa forma, a política cultural não mais garante a sobrevivência à arte, mesmo que mediana.


DIREÇÃO DE ATOR (ELENCO)
(Gildo Lustosa dirigindo o elenco do espetáculo "Sonho de uma noite de verão")

A direção de ator é maneira pela qual o encenador guia e aconselha seus atores, desde os primeiros ensaios até os ajustes feitos durante a apresentação pública do espetáculo. Esta noção, por sua vez tênue e indispensável, diz respeito à relação individual, tanto pessoal quanto artística, que se estabelece entre o mestre de obra e seus intérpretes: relação pessoal e muitas vezes ambígua, que só acontece no teatro ocidental, sobretudo realista e psicológico, em que o ator procura a identidade de sua personagem a partir de si próprio, como um “trabalho do ator sobre si mesmo”. Para se compreender o fundamento desta noção e sua importância na encenação, é preciso abster-se de reduzi-la a uma relação psicológica e anedótica, a fim de se tentar apreender seu método e propor uma teoria geral dela.

O diretor que trabalha seus atores em um grupo fixo tem, ao longo do tempo de suas montagens, um elenco que já o oferece subsídios que facilitam seu trabalho, ao contrário de diretores que recebem atores somente para aquele espetáculo X; este encontra-se em situações difíceis especialmente em se tratando de falta de tempo para tentar limpar de seus atores vícios adquiridos.
No decorrer da montagem, o encenador testa sua distribuição de papéis, verifica as aptidões de seus atores, inventa exercícios básicos que os introduzem, sem que perceba, na obra a se representada. O encenador organiza longas jornadas de leituras, explica as opções de interpretações, prepara a dicção do texto, faz reflexões sobre as motivações dos personagens para buscar maneiras pessoais de cada um se comportar (“o que eu faria se...”). Às vezes, ao contrário, o diretor propõe uma neutralidade vocal e entonativa de leitura, para não fechar a compreensão do texto. O diretor decidirá se, até mesmo, faz trabalhos que são pontas de ensaios: “sem exposição preliminar, o pensamento deve desenvolver-se pelo exame da escolha entre tal gesto ou aquele outro, escolha às vezes dramática, objeto de comentário por meio de uma conversa perpétua no palco”.
Os conselhos do diretor quanto à construção dos personagens são necessários ao ator para ele poder “entrar” na personagem, para apreender as motivações, para utilizar as características de sua persona “exterior e interior” e para sugerir a construção do papel. Tarefa imensa que, felizmente, se subdivide em tarefas parciais: ater-se ao objetivo global de uma cena ou da peça; encontrar um “à vontade” vocal, gestual e comportamental; regular a distância ou a proximidade da personagem; cuidar da legibilidade e da beleza da gestualidade; decidir o ritmo exterior das ações físicas visíveis e o ritmo interior vinculado ao subtexto; ajudar o ator a encontrar sua partitura e a subpartitura que a carrega etc. o diretor deve apoiar o ator, saber tranqüilizá-lo, compreendê-lo e contê-lo.

O diretor sempre descobre em seu ator um indivíduo complexo, apto a inumeráveis tarefas, de poderes insuspeitados: ele tem a perspectiva individual da personagem, mas também a compreensão do conjunto da peça, a contribuição individual de traços pertinentes, mas também a submissão aos objetivos do conjunto da encenação. Deste modo, o ator é, necessariamente, um ator-criador, um ator que se insere num projeto, porém contribuindo para ele com elementos que só ele pode trazer.

Vídeo mostrando uma direção de cena no espetáculo "Diga NÃO ao crack em sua vida":

http://www.youtube.com/watch?v=IjzHjlxrkog&feature=youtu.be
CONFIRA!

DIREÇÃO DE CENA

Após a conscientização da necessidade do controle global dos meios artísticos, o diretor de cena [1] cindiu-se em encenador e diretor de cena no sentido atual e responsável pelo palco e principalmente quanto ao som, à luz e à contrarregragem (a direção geral de cena consiste em coordenar as diversas responsabilidades).


(Estefânio Silva dirigindo a cena entre Richter Wenzel e Erika AV de Almeida no espetáculo "Diga Não ao crack em sua vida".)
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[1]Cindiu-se - cortou-se, separou-se, dividiu-se.











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