segunda-feira, 20 de junho de 2011

O Universo dos toureiros

EL TOUREIRO
O fascínio que os toureiros exercem pelo mundo
Por Erika A. V. de Almeida
Existem coisas que devemos fazer pelo menos uma vez na vida. Daniel Cariello no blog “Chéri a Paris – As desventuras de um brasileiro na terra do fomage” fala de uma das coisas que tenho vontade fazer: Ele foi às touradas de Madri (pa ra ra tim bum bum bum).

É violento, é dramático e, para eles, é emocionante. Tem uns que gritam, outros choram. O toureiro é uma espécie de herói nacional. E se apresentar em Madri é como jogar no Maracanã. Depois de assistir uma dessas, garanto que você vai entender muito melhor os espanhóis.”, relata nosso aventureiro.

Lá na arena ao ver um toureiro cravar impiedosamente sua espada em um touro que, com certeza já vai machucado o suficiente para que possa perder essa luta, surgem nos espectadores vários tipos de sensações.Vi, em alguns vídeos, pessoas chorando, pessoas vibrando como uma final de copa do mundo aqui no Brasil, alguns penalizados e alguns saudando os grandes “heróis” como se o touro fosse o grande guerreiro do exército inimigo, OLÉ!.

Mas o que leva um homem a seguir a profissão de toureiro? Seria a vontade de ser amado e exaltado como herói? Seria o prazer pela morte de um outro ser? Seria a vontade de estar lado a lado com a morte? Sim, porque nem sempre o toureiro vence essa batalha como veremos adiante.

O que é preciso para ser um toureiro? Cowboy Bebop (no site http://br.answers.yahoo.com) explica o que é preciso para ser um toureiro. Para ser Toureiro, antes de tudo você deve iniciar um preparo técnico para que esteja apto para tal. Antes de tudo, vale lembrar que o preparo deve ser eficiente e dure um tempo no mínimo, razoável, pois leigos na área podem se ferir brutalmente pela sua inexperiência.

Se há relatos de acidentes entre os mais experientes toureiros, quem dirá entre os inexperientes!

Muitos toureiros encaram a tourada com o lema ''matar ou morrer''. E isso já responde as perguntas sobre como são tratad
os os touros.

Os touros, em geral, são mal tratados durante as touradas, e em muitos lugares, como na Espanha, há permissão para que o touro seja morto em plena arena.

Os toureiros, com toda a sua galhardia, povoam as fantasias diversas. Em 2010, no Rio de Janeiro, a escola de Samba União da Ilha “materializou” os sonhos de Dom Quixote de La Mancha. A escola fez referência à tourada na comissão de frente.

A escola voltou à elite do carnaval carioca após 8 anos de 'jejum' no Grupo de Acesso.

Grandes touradas e toureiros já foram representados também nos filmes, como é o caso de Sangue e Areia (Sangre y Arena/ Blood and Sand) É a história de Juan Gallardo, um jovem espanhol, filho de um toureiro famoso que tenta recuperar a honra de sua família. Juan sonha em se tornar um toureiro famoso como seu pai. Certo dia ele é pego praticando com um dos touros de uma rica família e conhece a filha deles, uma bela americana chamada Sol. Mesmo casado, eles inciam uma relação ardente e ela acaba apresentando Juan a um famoso toureiro, que o inicia na carreira. Seguindo os passos de seu pai, Juan torna-se o maior toureiro da Espanha. Pouco tempo depois, Sol lhe deixa na mão e o jovem entra em depressão, só podendo contar com o apoio de sua esposa. Juan morre na arena enquanto Sol se torna amante do toureiro que sucede Juan Gallardo como o maior toureiro.

Em matéria de comédia, “O Gordo e o Magro” também já viveram seus momentos de toureiro.

Ainda falando do fascínio sobre os toureiros na literatura, João Cabral de Melo Neto escreveu o poema intitulado “A Antônio Houaiss”. Confira:

João Cabral de Melo Neto

A Antônio Houaiss

Eu vi Manolo Gonzáles
e Pepe Luís, de Sevilha:
precisão doce de flor,
graciosa, porém precisa.

Vi também Julio Aparício,
de Madrid, como Parrita:
ciência fácil de flor,
espontânea, porém estrita.

Vi Miguel Báez, Litri,
dos confins da Andaluzia,
que cultiva uma outra flor:
angustiosa de explosiva.

E também Antonio Ordóñez,
que cultiva flor antiga:
perfume de renda velha,
de flor em livro dormida.

Mas eu vi Manuel Rodríguez,
Manolete, o mais deserto,

o toureiro mais agudo,
mais mineral e desperto,

o de nervos de madeira,
de punhos secos de fibra
o da figura de lenha
lenha seca de caatinga,

o que melhor calculava
o fluido aceiro da vida,
o que com mais precisão
roçava a morte em sua fímbria,

o que à tragédia deu número,
à vertigem, geometria

decimais à emoção
e ao susto, peso e medida,

sim, eu vi Manuel Rodríguez,
Manolete, o mais asceta,
não só cultivar sua flor

mas demonstrar aos poetas:

como domar a explosão
com mão serena e contida,
sem deixar que se derrame

a flor que traz escondida,

e como, então, trabalhá-la
com mão certa, pouca e extrema:

sem perfumar sua flor,
sem poetizar seu poema

Fonte: Jornal de Poesia

NEM SEMPRE O TOUREIRO LEVA A MELHOR

FACE A FACE COM A MORTE

Apesar de tão admirado, ser toureiro é profissão demasiadamente perigosa, pois como já falei anteriormente, nem sempre o toureiro leva a melhor. É como diz aquele velho ditado: “a vez da caça e a hora do caçador”. Toureiro Julio Aparicio, um dos maiores toureiros da Espanha, citado no poema de João Cabral de Melo Neto, teve sua hora de caça na sexta-feira dia 21/05/2010.

Quando já tinha enfiado seis espadas na nuca do touro, tropeçou, dando chance ao animal lascar uma chifrada no queixo. Durante a Feira de San Isidro, Julio Aparicio, 41, filho e neto de toureiros famosos, sentiu a dor que ele aplicou em muitos touros. Era o primeiro touro da tarde, no primeiro dia de tourada em Las Ventas,estádio em Madrid, o maior da Europa.

Em um revés do touro, que já tinha seis espadas cravadas nas costas, Aparicio foi ao chão e sem proteção foi atingido pelo golpe. O chifre do touro vingativo atravessou a língua do espanhol e saiu pela sua boca. Uma cena impressionante. Aparicio não morreu e esse ano já volta às touradas.

AÍ MEUS FURÍNCULOS

É! Não foi só Julio Aparicio que teve sua hora de caça. Outros toureiros já sofreram o lado inverso: o da caça.

A questão engraçada é que...nossa! Parece que o touro só acerta no...(o que meus sobrinhos chamam de furínculos para não dizer: furo, rabo, anus ou c...). Sem grosserias, moçada. Seria até engraçado se não fosse trágico. Não penso em uma chifrada dessa.

O touro, cheio de fúria, nem pensa. Enfia o chifre onde parece mais vulnerável.

Será que uma dor dessas compensa todo o assédio dos fãs das touradas? Será que os aplausos, a admiração, a posição de herói, as regalias valem esse dano? Não podemos responder por que não somos toureiros e podemos ter a ideia do que é aquela sensação na arena, mas não sabemos com certeza COMO é essa sensação.

O touro, por sua natureza, tem muita mais força que o homem, contando com a velocidade que ele vem para atingir seu adversário e a fúria gerada pela dor....hummmm, não quero nem pensar na dor dessa chifrada.

Belos, imponentes, superiores, os toureiros são exemplos de galhardia, de bom gosto, de exuberância. Abaixo temos o toureiro Cayetano Rivera usando um traje feito por GIORGIO ARMANI, pense no luxo?

Esse universo das touradas de Madri, esse aspecto galante dos toureiros, “heróis nacionais” para os espanhóis, me inspiraram a criação de Juan Galhardo, o toureiro amante da espanhola Maria Padilha. Lógico. Qual melhor par para uma espanhola de sangue quente?

Membros do EAVA Fênix comentarão sobre os “Juans” de “Maria, Simplesmente Maria”, na próxima matéria desse blog.

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